Distopias e Utopias

As sessões do Cinesophia são divididas por temáticas. Os conteúdos envolvem Liberdade, Distopismo, Existência, Perseverança, Amor e Erotismo. Desses, o que mais me chamou atenção foram as Distopias.


Distopias são frequentemente criadas como avisos ou como sátiras, mostrando as atuais convenções sociais e limites extrapolados ao máximo. Nesse aspecto, diferem fundamentalmente do conceito de utopia, pois as utopias são sistemas sociais idealizados e não têm raízes na nossa sociedade atual, figurando em outra época ou tempo ou após uma grande descontinuidade histórica.


Pode-se começar a falar de Distopia falando do livro Utopia de Thomas Morus escrito em 1516. Utopia é uma Ilha afastada do continente Europeu e que "abarca a sociedade ideal, inatingível, que traduz um estado de bem estar dos seres humanos".

Utopia é um lugar onde não há propriedade privada, onde todos trabalham, mas sem exageros. Os moradores de Utopia trabalham por três horas pela manhã e por três horas a tarde com um intervalo de duas horas no meio. Os empregos não dependem da pessoa ser homem ou mulher ou da sua formação anterior (...) Em outras palavras, os habitantes de Utopia são pacíficos, amáveis e respeitáveis.


A Distopia seria a Antiutopia. Se a Utopia tenta promover uma sociedade ideal, igualitária e todo esse blá blá blá, a Distopia é justamente o oposto. É interessante frisar, contudo, que de certo modo as distopias são utopias. Para quem está no comando, óbvio, não para os que são explorados. Afinal está tudo perfeito e as coisas precisam ser mantidas assim. Até que aparece o que chamo de EXCESSO DE PROTAGONISMO para mudar os rumos da história e da sociedade vigente.


Comumente as distopias mostram governos ditatoriais e/ou totalitaristas. Casos de filmes como Metropolis, Fahrenheit 451, Jogos Vorazes, A Ilha, Minority Report, V de Vingança, Daybreakers, Exterminador do Futuro 4, O Preço do Amanhã, Equilibrium... etc. Contudo, podem ilustrar um futuro alternativo da humanidade baseado em seus medos, mitos ou lendas, como é o caso dos jogos Silent Hill, Resident Evil, Fallout e Bioshock.

Características gerais de uma distopia:

- Tem conteúdo moral, projetando o modo como os nossos dilemas morais presentes figurariam no futuro.
- Oferecem crítica social e apresentam as simpatias políticas do autor.
- Exploram a estupidez coletiva.
- O poder é mantido por uma elite, mediante a somatização e consequente alívio de certas carências e privações do indivíduo.
- Discurso pessimista, raramente "flertando" com a esperança.


Alguns exemplos de livros distópicos são 1984 (George Orwell), Eu, Robô (Isaac Asimov), Vinte Mil Léguas Submarinas (Júlio Verne), O Guia do Mochileiro das Galáxias (Douglas Adams), Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), 2001: Uma Odisséia no Espaço (Arthur Clarke), A Guerra dos Mundos (H.G. Wells).


Desses, quero muito ler 1984. Pelos comentários que li, há um chamado Ministério da Verdade, responsável pelo Revisionismo Histórico.

Revisionismo histórico é o estudo e a reinterpretação da História, baseado na ambigüidade dos fatos históricos e na imparcialidade com que esses fatos podem ter sido descritos.

Um exemplo de revisionismo histórico hoje é atribuir importância a História da África ao contexto global. Não era apenas um espaço geográfico para coletar escravos. Há toda uma riqueza cultural e material na região. Só que no livro 1984, esse tal Ministério da Verdade era responsável por modificar a história conforme o contexto atual (deles). Ou seja, se na semana seguinte a situação mudasse, os editores iriam modificar os livros. Na vida real esse processo é mais vagaroso, mas nos livros distópicos em sociedades totalitaristas onde há não há oposição (ou se há, é suprimida), a "nova história" torna-se verdade absoluta desde já. Quem controla a história domina o poder.


No momento Distopia é o meu gênero literário/cinematográfico favorito. Se quiser ler mais sobre o time, veja o blog da Estante Virtual ou escute o podcast do Papo na Estante sobre o assunto (com diversas outras indicações).

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